
sim, em tempos de cybershot fotografa-se tudo.
veja este site, aonde as pessoas são convidadas a postarem fotos suas no momento em que choram. será que alguém verdadeiramente triste vai empenhar-se em tirar uma fotografia deste momento? qual o valor da tristeza para a foto e da foto para a tristeza?
o embate entre o que sejam imagens verdadeiras, autênticas, honestas, fidedignas a um 'real' , em oposição ao que sejam as posadas, armadas, encenadas, auto-conscientes de si é uma questão e não é uma questão. porque qq que seja a imagem, ela tem o seu valor de realidade pelo simples fato de sua existência, e revela as forças em jogo para sua construção, seja o flagrante, o atrapalhamento, ou a vontade de exposição. isto dá muito pano pra manga.
3 comentários:
Vc tem toda razão sobre a complexidade da questão, e q não se trata de real X aparência, ou escondido X exposto, pq tudo é igualmente real e igualmente ficcional. Concordo 100% e qdo estava escrevendo cheguei a pensar nisso, mas é incrível como o Platonismo está mais enraizado na gente do que imaginamos. É nós.
Acho q a qoisa q me chamou a atenção era q existem certas imagens, como certos conceitos, que de tão usadas, ficam vazias da possibilidade de transmitir a sensação de serem vivas, de expressar(no sentido "Derridariano","multimodular", polissêmico). Me lembrei de um amigo pesquisador que me falou da idéia de "coreótipo" - que seria o estereótipo do gesto coreográfico,e assim como todo estereótipo, dizia ele, está morto de sentido. Eu não diria "morto de sentido", mas morto da possibilidade de expressar alguma coisa mais aberta, mais ampla e mais subjetiva. O que é um estereótipo, senão um sentido sentdo aprisionado em uma de suas possibilidades e, desta forma, aprisionando tb o receptor na mesma escolha?
É claro que as fotos posadas tb revelam. Mas é como se tivessem algo que não me atrai o olhar. Na escolha da pose uma faceta é privilegiada, e nesta escolha do melhor ângulo ou melhor aspecto, tentamos dominar a imagem que passamos de nós mesmos, fechá-la. Talvez eu esteja especialmente interessada, e ai voltando para o corpo e o movimento, nas coisas que abrem e revelam novos sentidos. Daí uma certa procura e interesse pelas coisas ainda não tão precisamente determinadas, reconhecíveis, com o sentido mais fechado. Faz sentido tudo isso?
Quando vc fala da diferença entre as fotos posadas e as mais espontâneas em algum lugar surge em mim uma inquietação... Me remete à nossa discussão sobre trabalhos 'escritos' e trabalhos 'improvisados', lembra? Como disse a paola isto é e não é uma questão...não sei se o sentido , sua maior ou menor abertura, esta ligado à condição de pousado ou não. O que acha?
acho que faz sentido sim, a distinção "escrito" X "improvisado" tem relação com a as fotos. o que vc escolhe e controla mostrar de vc mesmo (já pré-selecionado no trabalho escrito/pose) X o que vc de alguma forma (será?)tem menos controle na improvisação/fotos ao acaso
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