A primeira é aquela idéia exercitada na Alemanha, que é inspirada naquelas fotos (mostrei a vcs?) do Francis Alys: uma pessoa imóvel (ou MUITO lentamente se movendo) no meio de muitas pessoas em movimento mais acelerado. O contraste só é visível depois de algum tempo. Acho que o vídeo pode captar isso maravilhosamente, tipo gravamos alguém por cerca de 1 hora se movendo muito lentamente em lugar de passagem, depois usamos a aceleração (ou não) - para tornar visível esta imobilidade X movimento. Esta imagem me expressa muito o tempo passando sem parar. Acho que o contraste aguça a percepção do fluxo de passagem e do quanto o movimento lento (ou a imobilidade) podem passar desapercebidos num olhar apressado, só se configurando como experiência para o olhar mais contemplativo e atento.

A segunda tem relação com aquela coisa que te falei que vi na Alemanha - uma gravação(em CFTV) de uma paisagem com céu, sempre o mesmo ângulo, durante muito tempo (1 ano?), passando em FF, vemos a paisagem se modificando, sobretudo as mudanças climáticas, a luz. Pensei de fazermos uma gravação de um lugar bem carioca talvez, tipo a praia, por 1 ou 2 meses, com câmeras da baixa resolução (mas cloridas) para fazermos a experiiencia. tenho uma amiga (Dani Forte) q mora na praia de Copa, podíamos armar a traquitana lá na varanda dela, ligada diretamente a um computador q recebe as imagens. Acho interessante como um dia as vzs demora tanto a passar, e um mês ou ano nem se fala, e quantas coisas acontecem neste intervalo que deixamos de observar, presenciar, embora estivessem sempre presentes. Acho uma boa imagem da natureza que usa a mesma lógica das coisas que penso em termos de movimento para este trabalho, tudo o qe vivemos sem perceber, mas que costura a passagem do tempo de nossas vivências.
A terceira imagem é uma coisa que passei a observar mais atentamente de uns tempos para cá, e desde então sempre tenho uma deliciosa sensação de ser surpreendida toda vez que vejo - são os pássaros voando em bando no céu da cidade, entre prédios, montanhas e nuvens. Tem aquelas andorinhas voando em formação, q aparecem agora no verão e q é bem bonito, mas o que mais me intriga são os urubus. Já pararam para observar os urubus voando? Geralmente é em grupo, em movimentos circulares, e eles planam muito mais do que voam, o que dá uma qualidade temporal muito curiosa, de suspensão, de parar no tempo e no espaço, muito interessante.
Todas estas imagens são de longa duração, contemplativas, acho que só se estabelecem para o espectador com o tempo. As 2 primeiras trabalham sobre o contraste do tempo lento com o tempo acelerado. A última é para mim em si um contraste, o tempo suspenso da planagem dos urubus x a cidade. O se dar conta destas coisas num contexto cuja dinâmica geral não abre muito espaço para isso.
o que acham ??
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